Os/as Maiores têm os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, independentemente da sua condição. Encontrando-se nas suas plenas faculdades intelectuais, devem ser eles/elas a reger a sua própria vida e pertences de forma livre e autónoma.

Cada pessoa tem a sua própria personalidade, construída e afinada ao longo da sua vida, que se manifesta pela suas ações, comportamentos, vontades e até mesmo pela sua imagem – forma como se vestem, calçam e tipo de acessórios que utilizam. A roupa e o calçado não são usados apenas para proteger do frio e do calor, mais ainda, para revelar muito da personalidade das pessoas que a usam.

Com o avançar da idade, é frequente observar-se serem os/as cuidadores/as, formais ou informais, a selecionarem a roupa e calçado que os/as Maiores irão usar em cada dia, sem simplesmente os/as questionar acerca da sua opinião e vontade. Além disso, não raras vezes, quebram a identidade das pessoas com a ausência de pequenos atos e acessórios que caracterizam determinada pessoa, como a colocação de uns brincos, umas unhas pintadas, um relógio no pulso. Ora, é de facto importante adequar a vestimenta (roupa, calçado e acessórios) a cada Maior, contudo é fundamental contar SEMPRE com a opinião e vontade dele/a, dado que cada pessoa é única, com gostos e desejos próprios, e acima de tudo uma personalidade individual.

Não é correto e sensato retirar o direito à escolha, quando o/a Maior ainda em discernimento, vontade e consciência para escolher. Cada dia é único e a escolha do que irá usar adequar-se-á com certeza ao estado de espírito nesse dia.

Por todas estas razões, dignifiquem os/as Maiores, dando-lhes a oportunidade, a cada dia, de continuarem a ser quem são, a vestirem as suas próprias roupas, as que gostam e querem, a calçar o que desejarem, a usarem os acessórios que entenderem e a colocarem o perfume ou a maquilhagem que os identificam enquanto Senhor António e a Dona Maria.

Drª Sofia Campos
Gerontóloga na Sensuum