Sensuum

O papel da gerontologia e do gerontólogo

A Gerontologia, tanto como curso académico como atividade profissional tem vindo a se desenvolver e a ter um papel mais importante na sociedade atual. O envelhecimento crescente da população portuguesa, aliado à emergência de uma nova corrente centrada na promoção do envelhecimento ativo, sustenta assim a Emergência da Gerontologia.  

Sendo Portugal um país, cada vez mais, envelhecido, é dada assim à Gerontologia e ao seu profissional um papel fundamental no que diz respeito ao aumento das respostas sociais dadas à população idosa.  

O setor de prestação de cuidados às pessoas idosas, às suas famílias e às comunidades, tem verificado uma grande expansão nas duas últimas décadas, com tendência para continuar a crescer, tendo assim de enfrentar grandes desafios. Em resposta ao acentuado envelhecimento da população portuguesa, e após uma fase em que se revelou urgente providenciar e disponibilizar respostas sociais, surge agora o desafio de elevar a qualidade do cuidado prestado pelas respostas sociais criadas, com vista à otimização da qualidade de vida da pessoa idosa, famílias e comunidades. 

Assim a valorização da identidade do idoso, mostra-se um desafio na atual sociedade. Falarmos de velhice, é fazermos uma corrida no tempo, onde identificamos percursos, experiências e momentos vivenciados por cada idoso, que embora no presente momento evidenciem semelhanças, não deixam de ser únicas e individuais de cada um.  

Consta-se ainda a importância de reconhecermos a singularidade de envelhecer de cada idoso e as suas implicações no trabalho a ser desenvolvido pelos profissionais. Não basta entender que cada idoso é diferente, não basta entender que cada idoso tem a sua personalidade, gostos e interesses, é preciso ouvir, é preciso o idoso fazer-se ouvir. Ouvir o idoso faz parte do processo de conhecimento do mesmo, devendo assim valorizar-se a ideia de que a importância do idoso não está no que este faz, mas sim no que este é.  

Compete então ao Gerontólogo, através de uma abordagem científica, ir ao encontro destas problemáticas, muitas vezes disfarçadas, mas que têm implicações significativas naquela que é a última fase de vida dos indivíduos.  

A Gerontologia estuda o impacto de diferentes condições de ordem ambiental, sociocultural ou psíquica, assim como os seus profissionais, os Gerontólogos, têm a capacidade de avaliar e promover um envelhecimento ativo e bem sucedido, abrangendo todas as componentes do idoso: mental, social, emocional, física, sexual e espiritual. Por conseguinte, o Gerontólogo tem na sociedade um papel crucial agindo como um agente transformador, promovendo ações que vão de encontro à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, destacando-se pelas suas intervenções, analisando sempre o idoso como um todo. Da mesma forma, cabe ao Gerontólogo, adquirir uma distância crítica relativamente ao senso comum institucional, ainda muito enraizado em algumas das mais antigas estruturas residenciais, procurando captar a diferenciação dos modos de viver a velhice, em função daqueles que são os grupos sociais aos quais os indivíduos pertenceram toda a vida. É esta atitude reflexiva, que leva o Gerontólogo a reconhecer que as expressões “terceira idade” e “sénior” são enganadoras na medida em que dissimulam a heterogeneidade social que caracteriza esta fase de vida e mantêm a ilusão de que os idosos constituem um grupo etário homogéneo baseado no critério idade.

Fátima Faria

Sensuum

 

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